Me assediaram até eu pedir demissão!

Embora possa estar relacionado ao perfil individual de um gestor, o assédio moral dentro de uma instituição de ensino ocorre porque ali se fez espaço para isto. Caracteriza-se por ser uma conduta de intimidação ou desrespeito aos direitos e/ou a dignidade de um indivíduo por uma ou mais pessoas que tem poder hierárquico sobre o primeiro. Os prejuízos resultantes envolvem danos à saúde física e mental do indivíduo assediado. No caso dos relatos que se seguem, os professores assediados por seus superiores optaram por pedir demissão, atitude que geralmente também envolve prejuízo financeiro ao mesmo.

“A coordenadora disse que iria me demitir porque não gostava do meu manejo de turma. A coordenação só cobra, mas eu tenho que fazer tudo e mais o ‘extra’: projetos, atividades de apoio, atividades extra para o aluno que por algum motivo fique fora de aula. Na verdade, a coordenação não gostou quando eu disse que não poderia vir na reunião de equipe à noite, porque eu tenho outro emprego. A reunião era às 13.00 horas, eles resolveram mudar o horário para às 18.00 horas, e eu não podia. Então, tomei a iniciativa de fazer uma carta pedindo que o horário da reunião não mudasse. Vários outros professores me pediram para assinar também. A escola está acostumada a impor todas as decisões, os professores abaixam a cabeça. Eu não! A partir daí a coordenação não me dava mais nem bom dia nem até logo. Chamavam a minha atenção na frente dos meus colegas, falando como se os problemas de disciplina fossem exclusivos das minhas aulas. Me assediaram até eu pedir demissão. Como se prova isto? Ninguém quer depor como testemunha! Mas, se todos denunciarem, quem sabe um dia as coisas melhoram?!!!”

“Eu sofri muito, eu sofri um assédio moral, realmente! Agora, pelo menos o martírio do constrangimento já passou porque eles me demitiram, mas até lá foi muito complicado para mim! Eu fui à sala da coordenação aonde todos tem acesso livre, mães e pais, de uma maneira geral, tem acesso livre, assim como alunos e outros professores, e o email da minha demissão estava aberto no computador de lá. Além de mim, outras pessoas viram o email, só que é complicado você provar isto judicialmente porque, quem é que quer se colocar, é difícil, ninguém quer perder o seu emprego, entendeu?”