sábado, 5 de dezembro de 2015

As dificuldades vão te sufocando!

É dizer-se que o professor(a) é um profissional dedicado e movido por sua vocação. No entanto, a prática docente geralmente contrasta com a realização destes ideais. A imensa discrepância entre o que o professor consegue efetuar em contraste com o que é esperado da sua prática (pela sociedade e por ele próprio) produz inúmeras formas de mal-estar, sofrimento e adoecimento. Some-se a isto uma enorme sobrecarga de trabalho e tem-se um elevado grau de risco de adoecimento físico e psíquico.

“O professor leva muito trabalho para casa e acaba não compensando! E professor sempre soube ganhar pouco para trabalhar muito. Mas, chega uma hora que fica sufocante! Muito por conta destas dificuldades com as famílias, com a escola que não defende o professor, com a falta de respeito do aluno. Qual é o papel do seu gestor? Dizer para você: cuidado com o quê você vai dizer por que o pai do teu aluno é milionário! Que respaldo você tem? Isto tudo vai desestimulando. Eu tenho seis amigos que no ano passado passaram para concurso público e largaram a área de educação!”


Eu como professora fico totalmente vulnerável porque eu não tenho autonomia dentro da minha sala de aula para chamar atenção de um aluno, quando eu chamo atenção porque ele faltou com o respeito comigo ou com algum colega, pelo contrário, eu sou chamada a atenção! Isto me deixou com uma doença de pele, de fundo emocional: umas se formam placas no couro cabeludo e o cabelo cai. A escola não te dá respaldo, se o pai não quiser você ele vai à diretora e diz: eu não quero esta professora, eu quero a outra. A gente passa o tempo inteiro por situações muito constrangedoras. Eu dou aula há 15 anos. Eu tive problema de coluna e desisti de trabalhar com Educação Infantil. Agora estou no Fundamental I, mas planejo sair da área. É dever da escola, proteger o professor. 

Um comentário:

  1. Acho que devemos denunciar! Se todo mundo se der ao trabalho de denunciar, eu acho que as escolas vão dar um freio nisto! Vejo muita coisa errada no meu trabalho. Pra mim, o que pegou também foram as costas. Eu adorava fazer um quadro negro bacana, de ponta a ponta. Comecei a sentir a coluna, umas fisgadas. Um dia, quando fui colocar os livros na mesa, senti uma fisgada muito forte. Tiveram que chamar a farmácia pra me dar uma injeção porque eu só conseguia gemer, num me mexia de tanta dor! Depois fui ao médico. Peguei 15 dias de licença, porque estava com a musculatura muito contraída! Num sabia nem que existia isto! Nunca me falaram sobre fazer alongamentos, etc. Foi então que aprendi estas coisas. Fui fazer RPG, e passei a ter muitos cuidados com a minha coluna. Felizmente, a escola tinha convênio saúde e pude me tratar.
    O mais difícil é ter que dar aula mesmo quando estou me sentindo mal! E isto sem o reconhecimento da escola, que num vê, ela só vê quando a gente falta! Você tendo que correr para o banheiro entre os intervalos das aulas porque está passando mal e a coordenação te vigiando, porque você só pode ir ao banheiro no recreio! Você ali, explodindo de dor de cabeça e se desdobrando para não perder o pique, e a coordenação te pedindo para você tratar o aluno com carinho, para ir na ‘festa da família’ no seu fim de semana, em troca de nenhum pagamento! Tudo isto vai dando um mal-estar e a saúde vai ficando abalada. Se você não se cuidar, fica mesmo doente!

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