A sala de aula na escola-empresa não é mais para ensinar e aprender. Eu
entendo como uma fonte de renda, como vender salgadinho ou abrir um
restaurante, um salão de cabeleireiro ou uma escola. O professor fica no lugar
de um incapaz. Incapaz de tomar decisões, incapaz de tomar conta da sua turma,
uma pessoa que precisa de instrução, e não de desenvolvimento técnico e
pessoal. A sua capacidade de decisão é cerceada, por meio de um controle
absoluto da sua atividade, da sua prática, tal qual acontece em uma fábrica de
porca e parafuso. Eu sinto uma mudança de filosofia, de qual é a importância
daquilo que está acontecendo em sala de aula. E esta mudança é do pensamento
pedagógico para o pensamento mercadológico. Com esta mudança de eixo você transforma toda
a essência do trabalho e dos resultados, o que deveria ser voltados para o
aprendizado se torna mercadológico. Eu penso que daí resulta uma influência
direta, e reta, e prejudicial aos alunos, e ao bem-estar psicológico e físico
dos professores. Estas dinâmicas impactam o meu bem estar físico e psicológico
porque a gente vive em um estado psicologicamente massacrante, de pressão o
tempo todo, E um constante questionamento sobre se a gente está no lugar certo
ou não, se a gente gostaria de estar no lugar onde está. Isto dá uma sensação
de insegurança. Não só em relação ao que a empresa tem a oferecer não,
mas, em relação ao que eu quero com isto. Os meus questionamentos ficam em
torno do viés pedagógico, dos objetivos pedagógicos, e dos motivos pelos quais
eu escolhi ser professora. E fisicamente, a gente fica exaurida, porque
enquanto a cabeça está tentando entender esta dinâmica toda, fisicamente a
gente tem que estar jogando nas 11!
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