“A escola-empresa quer vender uma imagem de que é uma instituição de ensino quando, na
verdade, é uma fachada de uma grande empresa que, no momento, está aplicando no
ramo da educação. É muito mais desgastante, não só o desgaste natural da sala
de aula, porque sempre tem embate com aluno, que é um desgaste esperado, que dá
para a gente lidar. O problema é quando você não tem uma instituição que te dá
apoio, porque ela não está preocupada em te ouvir, por exemplo. Ela está
preocupada em fazer com que as coisas fiquem dentro de um padrão que ela
estabeleceu, que ela acha que é isto que vai manter o aluno. É frustrante você
não ser ouvido e estar sujeito a uma gerente. Aliás, o nome já diz tudo, é
gerente não é nem uma coordenadora, assim é gerente, né? E não necessariamente
está com o olhar do professor. Ela está com o olhar administrativo para cima
daquele contexto. Eu não acho que uma empresa comungue com a ideologia de um
professor. Porque a empresa visa uma coisa, o professor visa outra. O professor
não está preocupado com bater metas. Um professor espera encontrar uma
instituição de ensino no lugar aonde vai dar aulas, mas encontra um sistema
corporativo no qual é menos valorizado do que o pessoal do escritório, que faz
aqueles materiais, atividades e planos de aula padrão, para contratar qualquer
professor sem experiência. Eu acho que o que mais mantém um aluno é ter uma
relação pessoal. E a relação pessoal não se faz se você está seguindo padrão.
Se você padroniza, você não está sendo pessoal. É justamente no contato mais
pessoal e na troca, no mais individualizado e menos padronizado, que você mantém
um aluno, que ele se sente parte da casa. Ele só vai se sentir em casa se se
sentir bem em sala de aula, na relação com o professor, Então, não dá para
cumprir vários procedimentos de padronização, a gente têm que burlar o sistema.
É muito estressante você trabalhar neste contexto. Até porque é um contexto em
que o professor não se sente valorizado. Em qualquer instituição de ensino, o
professor é o coração dela. Mas ele não é nem pago nem reconhecido como coração
da empresa. Mesmo sendo ele quem mantém o aluno ali, ele é menos valorizado,
pouquíssimo ouvido, pouquíssimo considerado.
Fica muito cansativo, não é muito saudável você trabalhar em um ambiente
onde as pessoas não comungam de uma ideologia comum.”
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