“Eu me
formei em 1984, a ditadura acabou em 85. Então, era uma coisa quase que natural
naquele momento. E aí, é estranho imaginar que o que aconteceu ao longo desses
anos foi ao contrário assim, a gente vive em tempos democráticos, mas este
envolvimento político foi diminuindo, diminuindo. E chega agora, este tipo de
pressão, que as escolas fazem, a reação é quase nenhuma, as pessoas não querem
se expor, não querem se colocar. Aí, a gente entende também. É uma crise, a
pessoa tem medo de não arrumar outro lugar e tal, mas eu acho que em função
dessa história, que eu vivi, as pessoas da minha geração são mais capazes de
resistir. Eu acho que existe mais resistência,
mais capacidade de discutir e dizer ‘olha, isso aí não tá legal! A gente tem uma demanda de trabalho
cada vez maior. Coisas que, quando eu comecei no magistério, a gente entregava
as notas e tinha alguém na secretaria que fazia todo o restante. Agora a gente
mesmo faz tudo. Porque vai modernizando com a tecnologia. Agora você digita
tudo no sistema, dentro de um prazo para digitar Esta tecnologia vai criando
mecanismos de você trabalhar em casa. Eles dizem que a vantagem é que a gente
pode fazer de casa, de casa você manda. Aí, você produz o material e envia para
a escola para ser reproduzido. Na escola em que eu trabalho a gente tem uma
resistência maior. Os professores já estão há bastante tempo na escola. Uma
vez, a coordenadora pediu para a gente mandar, através do google docs, um
comentário sobre os alunos. Os professores disseram: deixa o sindicado discutir
a respeito deste tipo de trabalho para a gente então fazer isto. Senão, a gente
conversa a respeito dos alunos durante a reunião’. Aceitaram a nossa posição,
mas tentaram fazer deste trabalho extra feito em casa uma coisa natural. Parece ser mais tranquilo e até mais
natural os professores do ensino médio terem este envolvimento maior, não sei
bem porquê.”
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