Dentre
os docentes da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro que obtiveram licença
médica durante o ano de 2014, 12.5% ficaram afastados por depressão ou
transtornos mentais, a segunda maior causa de afastamentos, perdendo apenas
para os 33% licenciados por problemas ósseos e fraturas. Nas instituições
privadas de ensino estes dados são menos transparentes, já que um pedido de
licença por problemas psicológicos envolveria muito risco de ser demitido.
Mesmo assim, os depoimentos que se seguem, explicitam uma relação direta entre
a profissão docente e problemas emocionais.
“Acho importante a gente denunciar. As escolas
particulares não vão mudar, eles sabem dos problemas que a gente vive lá. Mas a
sociedade não. As famílias precisam observar melhor o ambiente onde seus filhos
estão sendo educados. Por sete anos eu trabalhei com uma coordenação que me
desrespeitava. Não aguentei a pressão e pedi demissão. Eles me forçaram a isto.
Acabei tendo que procurar um médico por causa de problemas emocionais. Agora
tomo remédio para depressão. A escola só cobra, e deixa você se acabar. Aí
troca de professor. Como é que os pais acham este troca-troca normal!?”
“Minha
saúde foi afetada. Estou afastada do município por licença médica porque eu
fiquei com pânico, muito por causa das condições de trabalho de lá (área de
risco, bem complicado) mais o peso de trabalhar na escola particular. Eu acabei optando por sair da escola privada
porque, bem ou mal, o município ainda paga melhor, e é estável, mas eu penso em
sair de lá também. Também não tenho mais vontade de voltar a trabalhar em
escola da rede privada. A educação faliu no nosso país, não dá mais para
trabalhar como professor! O pânico me fez repensar até aonde eu quero levar
isto. Planejo largar a profissão de professora. Eu fiquei com transtorno de
ansiedade e depressão por conta das situações que eu vivi no município. Agora,
eu tenho crise em qualquer lugar ... eu tenho 28 anos e estou à mercê de um
problema psicológico por conta de um trabalho que era o meu sonho!”
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