eNem sempre as práticas de gestão
empresarial da educação estão explícitas no contrato de trabalho, como nos
explica este depoimento:
“A
prática do banco de horas me incomoda muito. A escola contabiliza as horas que
a gente não dá aula (porque a escola está de recesso!) como horas que o
professor deve ‘pagar’ à escola, porque ganhou e não trabalhou. Mas o professor
não pode escolher se quer isto. Para ter o emprego, tem que aceitar o banco de
horas e trabalhar em coisas extras, tipo eventos aos sábados. Não é só
comparecer ao evento, tem que preparar e ainda decorar a escola fora do horário.
Por exemplo: atendimento aos pais (7.00 – 13.00); atividades para alunos e
família; Festa Junina (quatro horas), etc. Nesta, a gente tem que se fantasiar
e ainda arcar com as despesas do ingresso e do lanche! O sindicato diz que a
justiça trabalhista sabe que isto acontece, mas tem juiz que acha esta prática
legítima. Eles dizem que o professor tem direito a hora extra, mas só é
possível cobrar na justiça os últimos cinco anos. Para isto, o professor tem
que anotar os dias e as datas que fez hora extra para entrar com uma ação
trabalhista. Demora, mas pode ganhar. A escola tem que provar que pagou, se não
provar, o juiz pode mandar a escola pagar. Depende do juiz. O professor não
sabe disto, não exige os seus direitos. Aceita tudo! Eu me aposentei, não vou
mais trabalhar. Por isto entrei com uma ação, agora estou esperando o andamento
do meu processo. Colocar este depoimento aqui é uma forma de brigar pelos
direitos dos professores que trabalham em escolas privadas! Gostei desta
proposta!”
A presença dos professores
na escola durante atividades fora do horário das aulas ocorre a título de banco
de horas. Não representa custo extra, já que a direção alega que estas horas
foram pagas e não foram trabalhadas, pois o professor não trabalha quando a
instituição entra em recesso escolar. Alguns professores aceitam a prática,
outros aproveitam o recesso para ficar com os próprios filhos. Porém, também
existem aqueles que se sentem injustiçados, como mostra a fala a seguir:
“Eu falo mesmo! Tenho
que falar, porque só se escuta o lado da escola, é difícil encontrar um lugar
que escute o lado do professor! Acho que eu sou muito questionadora. Fui
demitida na escola particular porque tem coisas que eu não aceitava como banco
de horas e trabalhar nas festas, aos sábados, sem receber hora extra. Eu
brigava pelos meus direitos, a escola fica só com quem abaixa a cabeça. E as
famílias aceitam que seus filhos sejam educados por pessoas que tem medo de
tudo o tempo todo!”
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